Olá,
estamos mais uma vez aqui, neste mesmo canal, neste mesmo horário para
apresentar este mesmo programa de tv. Sou o mesmo apresentador de todos os dias
e estaremos apresentando as mesmas fatalidades de sempre, mas com alguns
personagens alterados. Recebemos o mesmo salário de sempre, temos o mesmo
quadro de funcionários de sempre e olho para a mesma câmera como mesmo
câmera-man de todos os dias para o começo do programa já que todos os dias
começo com ela mesma, e agora muda para a outra, um pouco mais focada. Leio o
mesmo de sempre, com o mesmo medo de vocês perceberem que o meu olho mexe lendo
o texto, afinal, estamos no começo do jornal e tenho que jogar às pessoas que
estão assistindo um resumo do que vai acontecer hoje, quais as reportagens
repetidas, os mesmos casos de indignação pública, os mesmos assassinatos, os
corruptos, umas matérias sobre culinária, previsão do tempo que sempre são as
mesmas, e , confesso, não são nem necessárias, já que todo mundo sabe, não é
mistério. E assim começo: lendo aquilo que todos os dias escrevo antes de me
maquiar, de me arrumar, de passar pelas mesmas salas antes de vir para a mesma
cadeira, colocar a mesma senha neste computador que desde o começo do meu
trabalho nesta mesma emissora uso. Agora, o câmera vai, como sempre, dar um
zoom pois a notícia que eu estou dando não é das melhores, me cortar e um
operador lá de cima vai dar play a uma gravação que eu mais cedo, narrando,
indignado fiz. Vou ficar aqui ensaiando as próximas falas para eu não gaguejar
e não fazer feio, até por que foi difícil chegar onde eu cheguei. Aí o câmera
faz o mesmo movimento chato com a mão, acho que inclusive é um toque dele, que
chega até a estralar os ossos, nem sei, mas faz um barulho inconveniente, e
mais uma vez penso em falar isso a ele, mas o tempo é curto e como sempre não
dá para dizer nada pois no monitor já aparecem as minhas próximas falas que eu
estava lendo nos papéis que estavam na minha mão. Aquele mesmo nervosismo de
sempre que, por mais que eu estivesse naquele estúdio há muito tempo, eu sempre
teria aquela mesma pontinha de apreensão de antigamente. E volta, como sempre,
ao vivo, na minha cara boba de sempre, com mais uma notícia trágica que eu
tenho a certeza que mais uma vez aconteceria, e tenho a certeza de que não
seria a última vez que eu passaria aquilo, como uma bomba, um atentado, um
assassinato a um juiz, etc. Aí sempre tem aquele pensamento de mandar todo
mundo à merda, eu não sou nem obrigado a aturar notícias e reportagens diariamente...
Aliás, eu sou obrigado sim, eu recebo para que este jornal aconteça, que eu
esteja vendendo diariamente meu rosto, meu busto, sei lá, à vocês. Já sei!
Caros amigos, vocês que acompanham este telejornal há tanto tempo, se atentem a
uma só noticia: Cansei!! Me demito!! Claro que eu não falei isso, mas é que o
câmera fez outra vez aquele negócio na mão, teve um barulho infernal no meu
fone que eu nem posso reclamar pois tem um monte de gente me assistindo, deu
uma pontada nas costas... E ainda tem mais: Estou com prisão de ventre e prendendo
um pum desde que eu entrei neste estúdio, no elevador foi um horror. Estou de
mau humor e sei que quando eu chegar em casa, nem a comida vai estar na mesa
porque eu briguei, quebrei foi tudo lá. Quebrei mesmo, nem quis saber. Claro
que no sentido figurado, que eu não estou nem ficando doido... E lá vem mais
coisas erradas na tela pra eu ler. Caramba, o cara que passa o que eu escrevo
por acaso é analfabeto? Tem ele algum problema sexual? Acho que o diretor,
aquele viado, pode resolver o problema dele, sempre desconfiei das olhadas que
ele me dava, aliás, que ainda me dá. Poxa, eu sou o âncora deste jornal, devo
ser bonitinho, mas não devo ser viado, pelo amor de Deus... Onde estava com a
cabeça quando o cara que escreve no closed caption colocou pra eu falar que o
presidente da república de país tal não queria acordos diplomásticos? Caramba,
ele escreveu diplomásticos! Eu não tenho a letra feia... Tenho a letra linda
por sinal, morri de escrever na faculdade, e todo mundo entendia o que eu
escrevia, por que esta anta não entende? Me diga!! Eu quero só ver esta
maricona deste diretor olhando de novo pra mim, se eu estiver no intervalo ou
não estiver aparecendo dou uma na lata dele. Baitolagem... O câmera de novo?
Cara o que ele tem na mão? Um frivião, uma deficiência? E este outro câmera,
lesado que só ele, tem que ensaiar a posição, como pode? Tem apenas três
câmeras num espaço enorme, e ele ainda precisa ensaiar antes do programa, e o
pior, ainda erra, tanto que é pouco solicitado. Detesto quando faço isso.
Oitocentas e quarenta e cinco folhas na minha mão e eu invento de perder
justamente a deste bloco. Parabéns! Acho que eu deveria ao invés de apresentar
estar substituindo o câmera lesado e seus trupicões, tremendo a imagem por
passar em cima dos fios... Sei não.. E esta emissora? O dono morreu, o
presidente tem quatrocentos anos e está como pé na cova. Lá vem a mulher do
tempo mal vestida que só ela, onde é que estava a cabeça deste diretor dos
infernos quando contratou esta mulher por achar que ela entendia de
meteorologia? Ela está lendo... Me dê o texto que eu faço melhor, e não gagueje
não! Ela deve me detestar, eu sempre brinco com ela no ar para parecer mais
descontraído o quadro, e ela sempre faz aquela cara de quem comeu e não gostou,
aliás de quem foi comida e detestou, também, filha, cadê a bunda? Cadê os
peitos? Sempre usando o velho pretinho básico, não é? Ah, não me diga que no
nordeste não vai chover... Que surpresa! Uma frente fria vindo do atlântico!
Brincar hoje não, se não lá vou eu ser ferino. -Obrigado, peso de papel. O mais
incrível que as pessoas, pelo menos eu acho isso, pensam que eu sou bipolar:
começo o jornal com uma cara de enterro e termino de bem com a vida. Parece que
até é um desabafo. Olha só, já estou com outra cara, esqueci que foram
assassinados cinco de uma vez na Bahia, esqueci do bebê achado no lixo no
recife, esqueci que no Iraque está uma putaria, e agora estou bem feliz dando
dicas de como emagrecer, e some mais uma vez a minha imagem do monitor, volto
eu àquele antro de tocs e de gente tosca e cheia de ziqueziras. Contrarregra
vem com pó para eu retocar uma manchinha, chego até a cruzar as pernas numa posição
de baitola e o diretor me olha esperançoso. Eu rio. Retocadíssimo e belo, pego
os últimos cento e cinquenta papeis do ultimo bloco dou uma lida rápida,
lembrando que tiveram comerciais durante isso tudo, até porque eu tinha que
soltar meus belos puns. É bom que quando estamos no ar, todos os funcionários
ficam empenhados a apenas aquilo, é uma loucura, pode acontecer até um
assassinato nos banheiros ou nas dependências que ninguém nem se dá conta. E lá
tinha ido eu peidar. Queria saber se eu fizesse a sacanagem de ir e não
voltar... Eu iria rir demais. Voltando dos comerciais malditos (bem que este
calvário podia ser de uma só vez ), mostro o cume de minha bipolaridade: estou
feliz, radiante, sou a pessoa mais bem resolvida do mundo e amo todos ao meu
redor por que eu dou dicas a você, consumidor! Abra o olho e não dê dados pela
internet ou telefone, seu jumento, tapado, você se der seus dados vai estar
assinando a sentença de que é a criatura mais retardada que já passou por esta
terra, seu imbecil. Agora, com a cara
ainda mais feliz, como num desenho animado, falarei para a população de um país subdesenvolvido, aliás, em
desenvolvimento (só se for de novas drogas) como é maravilhoso viver num país
desenvolvido, no nosso quadro especial onde exploramos a riqueza dos melhores
países do mundo. Assistam e fiquem realmente bestas seus... Imagino uma criança
do buxão, remelenta, cheia de piolhos e impigens vendo a Suíça, sua
pontualidade, seu chocolate e sua gente bonita... O que é que tem a ver, Jesus?
O estúdio em transe por achar além de ser a coisa mais maravilhosa do mundo,
uma possível indicação a qualquer prêmio desses promovidos pela própria
emissora. Voltando à mim faço qualquer comentário do tipo: -Muito bom, heim? -
ou - Um exemplo de economia que deve-se seguir- ou até - viram seus imbecis
como não tem nem comparação?- O Telejornal termina por aqui, tenham um ótimo
resto de dia, e até amanhã.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
terça-feira, 29 de novembro de 2011
um lunático.. (kkkkkkkk)
: é quando não se espera muita coisa que as piores
acontecem... Dito e quase feito. O centro da cidade é um lugar que se
reconhecem os mais (e menos) hilários transeuntes de todo um povo. É lá que
sentimo-nos perdidos numa selva de pedras decadentes pra ser bem clichê onde a
localização básica e ponto de encontro principal são as praças, provando a
natureza preguiçosa de uma comunidade, mano... Nesta tarde havia eu declinado
da ideia de querer fazer alguma coisa útil na minha vida, dito, e claro que não
feito: saí sem destino certo, o centro, e fiquei bestando (expressão utilizada
para designar uma pessoa que esta a esmo, sem foco, ou que tem sérios problemas
sexuais e que fica nas praças da cidade querendo um divertimento a todo custo).
Não era o meu caso neste dia. Havia ido para ficar sentado. Existe argumento
melhor? Vou a praça da cidade ficar sentado olhando aquela ruma de gente feia
passando de um lado para o outro, me estressando pelos do meu lado sentados que
ficam tirando melecas de orifícios ou falam alto enquanto comem e jogam restos
de comida em cima da primeira pessoa que estiver a seu lado, no caso, eu. Havia
eu me sentado. Estava eu lá. Com uma cara mais hibrida ou metódica possível.
Não queria que nenhum ser vivente neste mundo com capacidade de puxar conversa
chegasse do meu lado e fizesse o para que veio. Estava ali somente e queria que
fosse eu a pessoa mais invisível possível tenho dito o meu humor naquele dia
que só me deixava ser direto com alguém quando me perguntavam as horas, quando eu
respondia frio: são quatro e quinze, sem nenhum resquício de qualquer emoção ou
pessoalidade para quem me indagava esta pergunta infeliz e inoportuna. Estava
apenas, que é que custa não cutucar a suposta onça com a unha na ferida aberta
no céu da boca da mesma? Assim eu queria ser visto: um antipático, antissocial,
incrédulo, hibrido, transexual, invisível, chato, inoportuno, imprevisível,
doente, ruim, manipulador, frio, metódico, calculista, com dificuldades de
adaptação ao meio, detentor de uma serie de doenças cognitivas e fulminantes...
em outras palavras: não chegue perto, cachorro raivoso. Mas mesmo assim, um ser
advindo das profundezas do quinto dos infernos quis se chegar a minha pessoa.
Medi, claro, a repercussão caso eu desse logo a entender que eu não estava ali
para qualquer tipo de dialogo. Percebi logo, pelo jeito do mesmo falar que se
tratava de um fanho. Se eu tivesse
rejeitado aquele miserável com dificuldades de dicção estaria eu assinando o
termo pelo qual viabilizaria a abertura de explosões de xingamentos e olhares
fulminantemente recriminadores por estar se recusando a palavra a um irmão.
Podem introduzir no orifício da vã ciencia suas formalidades, não estaria ali
para adular e muito menos ser adulado, estava ali para simplesmente estar! Veio
ele com a seguinte pergunta: “que horas são?” “quatro e quinze” mais
rapidamente possível respondi aquela pergunta. Sem me preocupar muito com as
expressões faciais, já que pela rapidez já poderia ser notado que seriam poucas
e nulas as palavras que seriam trocadas caso se atrevesse a puxar assunto. A
sua voz fanha ficou ecoando na cabeça durante alguns segundos, motivo pelo qual
eu fiquei atordoado a ponto de saber de onde vinha, de como era produzida, a
que altura iria, quais seriam as notas daquela voz que ecoava na minha cabeça,
meu Jesus Cristo! Daí olhei-o. um erro na escala cinco onde iria a numeração
até quatro. Dei cabimento. Eu olhando para ele significaria inconscientemente
que eu estaria de alguma certa forma interessado no mais o que ele tinha a me
dizer. Baixei a cabeça em forma de arrependimento, mas ele não percebeu... Logo
falou: “é tanta gente né?” respondi: “é o centro da cidade, né? ¬¬”, ele: “fica
assim até de noite, né?” “até umas seis, NÉ?”. Ele olha pra cima e observa a lua. Estava de tarde mas a lua estava lá
sobre nossas cabeças. E, para o meu desespero, ele comenta: “lá em cima é que
deve ser calmo...”. Minha expressão facial não foi modificada, mas todos os
meus sentidos nesse momento se misturaram numa demonstração interna óbvia de
que aquele ser advindo das piores terras das províncias periféricas do quinto
dos infernos mexeu com meu eu. Silencio. Eu fiquei com aquela cara de paisagem,
ele, com a de lunático (literalmente) por mais meia hora. Neste tempo, as rolas
já haviam defecado nele, já havia se limpado e maldito as pobres aves daquela
praça. Mas nada que viesse chamar atenção no mais seria suficiente para me
tirar daquele estado traumático que eu me encontrava. Então ele se levantou,
fez “woohoo” com os dedos e disse um mole: “faloow” e foi embora. Seu andado
cauteloso, olhando para os lados, cabelos esvoaçantes, óculos de grau que
grudam armações de sol. Blusa branca e cagada, calça jeans desbotada, sapato,
não lembro... tive coragem e fui pra casa. Por que eu saí de lá?
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Um Domingo (Uma mensagem bem humorada, mas justa)
Vamos que vamos! Domingo é sempre o dia mais animado da
semana para começar já com uma ironia deslavada. Nunca acontece nada, pois
todos já tem a ideia em mente de que no outro dia vai fazer alguma coisa por
obrigação, e isso é fato, e concorde comigo. De manhã, aquela preguiça de
acordar, tem mais remela que de costume e não é tão necessário assim um banho
assim que despertar. Ficamos todos tirando as melecas, remelas na mesa do café
da manhã e achando aquilo a coisa mais linda do mundo, coçando o saco e o resto
do corpo, pois, não sei se você já notou, dá uma coceira nas costas, na bunda,
na barriga, aquele bocejo deliciosamente acompanhado pelo bafo de onça que
todos são obrigados a aturar até porque você não é filho duma égua de se
lembrar de escovar os dentes tendo bilhões de coisas para contar da noite
passada, afinal, como você mesmo falou, seria uma história para ser contada a
seus filhos. E que filhos se a história que você protagonizou foi a de se
prestar ao papel de amante de todos os disponíveis na festa? Acharia muito
difícil "o ter filhos" depois disso, na questão, é claro, da
seriedade de pelo menos um dos tantos relacionamentos em questão, até porque
relações sexuais não faltaram e nem faltariam caso tivesse ainda a vitalidade e
a disposição para mais. O que é mais bonito é a discussão deste assunto na mesa
do café, na frente de seus familiares, e você com ainda a cara embriagada,
cabelos desgrenhados e um misto peculiar de odores e manchas que não vem ao
caso descobrir a origem. Ainda bem que você é jovem, não tem a responsabilidade
de representar alguém firme na parte hierárquica da mesa, fora o gato de
estimação, o periquito e a louça que você não lavou ontem antes de sair. Você
está numa situação deplorável. Nem tomou banho ontem quando chegou, onde já se
viu com toda a história de atritos e contatos que se submeteu. Termina,
deixando boquiabertos os demais na mesa, afastando o gato e calando o periquito
pelas atrocidades que contava, e foi gentilmente, carinhosamente, muito
discretamente reavivada a memória da louça de ontem, o que lhe deixou feliz,
pois teria contato, quem sabe, com seres de outro planeta, vista a quantidade
de peças e de sujeira. Você não viu ainda, portanto, não meça os reclames. E
nem tente enrolar dizendo que vai tomar banho primeiro que vai ser pior. Isso
no meu tempo era motivo a surras homéricas, motivo de se perder dentes e
deserdar metade de toda a metade que lhe garantia por direito da família. Vai
lavar a louça sem reclamar, sei que vai ser difícil mas esteja com Deus. Pensa
você em logo ir as redes sociais para dizer a todos a quantidade de
relacionamentos tivera, motivo inclusive, principal para que sua tarefa seja
realizada com mais rapidez e menos eficiência. Daqui a pouco o pessoal está com
verme e quem vai levar a culpa? Não você, é claro. Corre e vai logo aos e-mails
e senhas e em chats: Nem te conto! Nem te conto Nem te conto! Nem te conto!
ctrl+c e ctrl+v dizendo o mesmo discurso com uma série de amigos simultaneamente
e se sentindo a pessoa mais descolada de todas. E, por qualquer motivo banal
que seja, já vê razão para marcar outra farra nociva a sua dignidade. Já
indignados os demais familiares, gato e periquito se opuseram a esta decisão.
Mas quem seria louco de se impor dizendo que não, contrariando, não é?
Despede-se das redes sociais, avisa num grito que esta sem roupas pra ninguém
entrar (mas na verdade não estava, era para não ter nem risco de ter
impedimento). E novamente há aquela produção toda para este domingo de tarde.
Ficou com a aparência boa? Claro, evidente! Chispa! Carro já estava lá fora e
vamos que vamos à praia. Dentro do carro algumas coincidências da noite
anterior para olhar com desmedida vergonha e com gozo, até por que teriam culpa
da idéia toda que até agora temos meia noção, graças a Deus. Todos com
intenções malignas a uma velocidade acima da permitida para a praia, beber
feito condenados e pecar, nem digo à Deus, mas também à família, à linhagem, à
raça e à humanidade de uma forma geral. Chegam, e logo constatam que vão se dar
muito bem pois veem logo outras tantas pessoas dispostas a errarem da mesma
desmedida maneira. Separam uma mesa que eu me pergunto para quê, já que nada do
que vão ali fazer vai ter algo com aquele sólido depositador de cervejas e
vodkas, tequilas, caipirinhas, caipiroscas, wiskis e o mais absurdo: água
mineral pois um deles vai ter que passar mal. Já pelas tantas depois de muita
depravação, a criatura destinada a bodar, bodou. A criatura destinada a brigar,
brigou e as criaturas destinadas a se apaixonarem até que o alcool saia do
corpo, se apaixonam e já estava ficando escuro e na hora de se retirarem. Mas
pra quê? Está tudo muito bom e deve-se deixar a noite entrar juntamente com
repelentes a moral, ética e vergonha na cara. Lá ficaram e tiveram mais histórias
para se contar aos filhos, mas não estes que estavam gerando, até porque serão
abortados, certeza. E você mais uma vez entra neste estágio de estar
super-mais-pra-lá-que-pra-cá e se sentir-se um ícone da sua idade, já que você
faz determinadas loucuras. Sente-se uma pessoa descolada e a frente do seu
tempo, afinal, tem que se aproveitar tudo o que vier. E nesta juventude, onde
se ostenta à flor da pele o que sempre é mais lembrado (a sexualidade), há de
se haver ou o juízo ou pelo menos a moderação em algumas práticas. Mas
finalmente chegou a hora de ir, e junto deste momento, chega também as dores de
cotovelo por deixar na praia a recente pessoa amada. Entra no carro e leva
também até a porta um possível amor para a eternidade daquele único momento. A pessoa
destinada a desmaiar com coma alcoólico já havia vomitado inclusive nos seus
pés, já estava no carro. E vamos que vamos. Todos bêbados de volta, depois de
uma farra daquelas, várias conversas e "babados" das pessoas que
estavam pegando, de como era o beijo, que um era mais bonito que o outro, que
ela fez aquilo, que ele fez isso... Você está numa empolgação que até seria
incômoda caso estivessem sóbrias as pessoas que lhe acompanhavam, mas já que as
outras também estavam neste mesmo estado, nem percebiam, até porque elas
estavam do mesmo jeito empolgadas. E lá se ia o juízo, à esta altura tanto
fazia estar onde estivesse, queriam vocês curtir desesperadamente qualquer
coisa que aparecesse para ser curtida. E tome velocidade. Você grita alto,
heim? Principalmente quando, a 140km/h passa um pesado caminhão na frente e
estraçalha qualquer coisa que estivesse a esta velocidade. Um caminhão numa
avenida transversal passava e o seu motorista, já que estava aquela velocidade,
nem pensou em frear no sinal que estava vermelho e todos vocês já eram. Sabe
que do seu corpo pouco restou. Você virou um pacote que, já que estava sem
cinto de segurança, foi arremessado a frente, atravessando o vidro e indo à
lataria do caminhão que estava lá sem culpa nenhuma, coitado. Foi feio, heim...
Os demais passageiros e o motorista também tiveram dolorosas mortes, mas já que
eu estava falando com você, vou continuar... depois do seu grito já podia-se
ver você flutuando e se misturando aos estilhaços de vidro que voavam, suas
pernas quiseram prender no painel do carro, mas não foi muito difícil passar
pois num instante ficaram flácidas pelos ossos quebrados. O barulho nem foi
curtido pelos outros pois foi tudo rápido, tiveram outros ruídos maiores e cada
um tava curtindo o seu próprio barulho de quebra-ossos. Você atravessou
"bonito" o ex-vidro do carro e foi direto a lataria lateral do
caminhão, chegou até a grudar e ficar alguns segundos, os quais você realmente
abandonou o corpo e foi morar na casa do Senhor, antes de cair no chão como um
pedaço de carne jogado na jaula de algum bicho no zoológico. Sua cabeça nem
quicou no chão, da mesma forma que despregou, caiu, e da forma que caiu ficou.
Um peso de papel orgânico, um monte de coisa mole num saco plástico, sei lá.
Foi feio: neste meio tempo, claro, seu corpo foi completamente estraçalhado,
suas pernas quebraram para poderem ter mobilidade para frente, o que facilitou
muito sua saída do carro, o crânio rachou como um ovo, suas costelas, coitadas,
foram se conhecer uma por uma... E ainda por cima, lá pelas tantas o carro
resolve explodir, mas você já estava muito longe pra ver ou sentir. Se bem que
já estava debaixo do caminhão e só sentiu a explosão se acomodou um pouco. Se
você estivesse lá, sentiria um cheiro de pêlo queimado que nem te conto... E lá
ficaram as vítimas de um acidente bem bonito, onde se poderia repetir para
filmar, daria uma bela cena de filme. A ambulância chegou, não sei por que, e
testou os sentidos dos menos "churrascos" e levaram os defuntos às
rotinas de reconhecimento, exames, tapação, etc. A família chegou para lhe
cremar e não reclame, você esta só o resto e faria até vergonha em lhe expor
num velório convencional. Colocaram-lhe no forno e tome fogo, precisava ver sua
pele cheia de bolhas antes de se tornar charque, antes de se tornar pó. Seus entes choravam feito uns condenados, só
não apareceram o gato e o periquito, ninguém lembrou deles na vinda. No velório
mais choro... Salvo por alguns que condenavam veementes o motorista e sua
imprudência, sua família no íntimo lhe condenava. Não seria necessária tanta
porralouquice. O pior é que todo mundo quando morre vira santo, no seu caso
lembravam como assunto a sua mania desvairada de sexo, olha que bonito... Suas
várias formas de enganar a todos e sair para as farras. O dinheiro todo gasto à
toa, o tempo que perdia enquanto ia a festas, e que por sinal já até não vale
mais nada, não é? Ou seja, santificar nada, condenar. Não é porque era seu
enterro que o fulano não iria esquecer que você devia um tanto de dinheiro à
ele. Nem só isso, você contou o maior segredo da sua amiga ao namorado dela, e
você nunca havia contado à sua família que fumava maconha... Nossa, que
velório... Ainda bem que virou pó, porque senão ia ficar aí mesmo. Descanse em
paz.
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Sexo (um negocio aí... kkkkkkkk)
Diferentemente do que determinada igreja prega, tenho minhas
próprias conclusões a respeito. Alias não há de se haver conclusões de um
assunto inerente à maioria dos seres viventes deste mundo. O sexo não é apenas
reprodução, é prazer e é carinho. Mas longe de ser uma definição. O sexo é
diferente para cada um, embora exista apenas duas vias convencionais, e mais
uma série de “artifícios”, como o final do sistema digestivo, o conhecido cú,
boca, e em separado da boca, a língua, orelhas, nariz, pé, dentes, mãos,
vibradores (que são apreciados em primeiro plano como o original, em diversos
casos). E existem também ramificações de atividades do que apenas a
convencional penetrada básica de todo dia que nos dai hoje. Existem as
conhecidas preliminares que além de deixar as pessoas envolvidas neste processo,
mais no clímax do assunto deixam-nas mais acostumadas que uma vai dar e outra
comer. Nesse processo usam-se línguas(a
não ser se um dos ‘dois’ não estiver acostumado com a ideia de por a boca em determinadas partes que
não se sabe a procedência), mãos (ressalvando manetas e pessoas com hanseníase)
, seios (excluindo as transas homossexuais masculinas que um ou os dois
parceiros tenham se submetido a procedimentos cirúrgicos), e adereços “fetichosos”
como fantasias que denigrem a integridade e a moral e objetos fálicos que
replica um certo movimento vibratório, além, claro, de algemas, chicotes, armas
de paint-ball e imobilizadores de alta voltagem utilizados pela policia. Após
um longo ou curto (ou até nenhum) processo de lubrificação de mentes, onde se
aprende a não mexer no mamilo pois faz cocegas, ou apertar mais o ovo que deixa
mais por mais tempo, ou até começar a falar palavras difíceis ou incomuns como
abrupto, inconstitucional, acasalamento copulatório, opíparo, lancinantemente
orgástico, e até os convencionais vai cachorro(a) e chupestamerda se começa a
penetração propriamente dita (ou não, fica a critério de quem vai receber em
muitos casos, como em lésbicas com unhas grandes e passivos gays que se dizem
apertadinhos demais para aguentar uma deste tamanho, ou então quando se está em
processo “menstruatório”) deixando que um objeto, sabendo-se que pode ser
orgânico ou não adentre em suas carnes preparadas ou lubrificadas pelo processo
anterior em ritmadas investidas no orifício em questão. Daí de duas uma, quando
se trata de um pênis neste vai e vem: goza dentro ou procura vias de acesso
mais prazerosos, ou quando não se trata de um, dedos ou vibradores de alto
desempenho dão continuidade a safadeza, deixando os envolvidos em um êxtase
nostálgico, falando os conhecidos “vai papai”, “vai mamãe”, “Ave Maria”, “Jesus”
que eu acho inclusive uma falta de respeito, mas citei... Existem também os que
se tornam bilíngues “oh my god dad”; “mamie” e por aí vai... Quando o serviço
esta quase concluído, o que esta mais próximo do auge do assunto avisa (ou não)
naquela famosa frase: VVOOUU GGOOZZAARR. E então termina o serviço,
independente de onde mire ou aperte, ou revire, bata, grite, reze, penitencie,
castre, mate, mas sempre sabe-se quando o fim chegou, a não ser nos casos que a
hora no motel é cara e dê tempo de ir mais uma. O mais engraçado é o semblante
nada envergonhado dos parceiros após esta falta de moral, afinal, se viram em posições
nada convencionais e nem ao menos pediram desculpas das palmadas e dos
xingamentos proferidos. Vão se...
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
um motivo...
Perguntaram-me: Pra que viver? Sem nenhuma dúvida em mente, respondi: Para que o meu fantasma fique com quem vai ficar depois... As minhas lembranças, ações, brigas e risos ecoados com quem um dia ouviu e presenciou. São esses fantasmas que até eu vejo, que eu quero me tornar... São bons expectadores do que sou e até do que foram refletindo em mim, que vejo o reflexo de boas ações nas minhas próprias. Quando eles passam de um lado para o outro, é que estão indo atrás das novas historias póstumas a serem contadas inconscientemente aos demais que ainda vivos tentam “revivê-las”. E é isso que quero... Eu pra sempre... Pra que viver? Porque sei que vou morrer... E não quero que simplesmente acabe por aí, quero que me torne fantasma nas lembranças e que não seja esquecido, até porque fiz alguma coisa além de preencher o espaço entre conversas, vícios e tempo... E enquanto eu estiver sendo lembrado, estarei vivo, independente se neste mundo ou não.
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
A Cura... (Sobre um lance da minha vida)
Sentimentos são muito lugares-comuns para serem descritos
com tanta presteza que o convívio ou a confiança que se tem naquela criatura
que se dispõe a entregar parte das intimidades que até parecem meio ”intimas”
demais. Sentimentos em si se tornam muito clichês, e eu estou sendo clichê
demais também aqui falando dessa forma tentando até eu, uma linguagem mais
formal pra explicar o inexplicável. Sim! Não dá pra descrever, não dá pra
desvendar esta pseudo-sacanagem que é o ser/estar/querer/conseguir estar
apaixonado. É um ofício, uma celeuma, martírio.. Um orgasmo doloroso. Uma dor
orgástica... Uma sacanagem sem tamanho ao seu nível, já que o solteiro
implacável está se tornando um amável permissível... É o abrir de mão da sua
vida social caso o seu aspirante queira.. É o abrir mão da vida em questão se o
aspirante solicitar veemente, caso o contrário chantagear ao não
relacionamento... Aí vem a questão: CARALHO, EU JÁ FALEI QUE ESTAVA APAIXONADO
PRA TANTA GENTE!!! Mas aí você pensa, caramba, eu estou gostando de verdade,
estou disposto a realmente querer, seria apenas um detalhe caso não rolasse o
me justificar, seria o mais fácil, o difícil seria me justificar e me convencer
de que TALVEZ não fosse culpa minha esta forma de acabar, mas com a ideia fixa
de que eu poderia ter feito melhor... Aquela culpa se instalaria na cabeça de
uma forma condenadora, você se veria de uma forma desprezadora, caso estivesse
se vendo chorar.. SIM. Lagrimas, por que não? POR QUE NÃO o que? Certeza, isso
já apareceu na sua vida e você sabe que chorar é a melhor forma de desabafo até
consigo mesmo. Não importa mais o que os amigos que assistiram o arranque desta
fase de sua vida disseram só você vai querer saber de si.. Fase egoísta, e,
dependendo de como foi, fase egoísta da mesma forma. Isola, desola... Me deixa
quieto na minha tentativa de homicídio intima, pois já que eu não tenho,
ninguém mais vai ter! Me deixa pensar no que estaria eu perdendo caso houvesse
ainda este encosto justificando o meu relacionamento, deixando de lado a minha
vida social e minha vida de forma geral, já que me chantagearia caso
contrariasse. Minhas tentativas broxadas de suicídio, minha apelação à
religiosidade que nunca recorri. Lágrimas lamuriosas à libido interrompida. Era
até bom pro meu ego sentir intimidades que ninguém sentia à criatura em
questão.. Podia eu cuspir na sua boca, podia eu lamber desvairadamente o que
lhe chamava o gênero, podia eu tacar a mão, enfiar o dedo, enfiar a língua e
sabia que estava fazendo o correto, sabia do retorno de orgasmos homéricos.
Sabia da língua que passeava pelo meu corpo oculto, captando toda a sujeira,
descamação, sal, gosto, gozo, suor, pelos que vinham à minha boca... TUDO ERA
MEU, TUDO. Quem deveria se enojar era quem tinha a língua, mas não... Afinal não
haveria do que se enojar, já que tudo se fazia neste íntimo confiável e era
recíproco... Da mesma maneira que vinha ia, e que ia vinha. Somente isto, não..
Quem guarda não só um, nem dois, e nem três segredos, talvez uma série deles,
talvez, sendo clichê, fosse quem fosse o segredo em questão. Sendo isso
doloroso demais, sendo aquilo prazeroso demais, sendo desta forma íntimo
demais, doloroso e prazeroso demais para se inventar parâmetros dentro de um
todo na íntima e dolorosa e prazerosa relação entre duas criaturas que TENTAVAM
ser uma apenas. O motivo pelo qual não desse sucesso na tentativa?
Formalidades. Signo, profissão, ocupação, gosto musical, time, baladas,
lugares, amigos, faculdade, renda, cor, sexo, opiniões, numerologia,
cicatrizes, amores passados, conta bancária, roda de amigos, bandidagem, uso
contínuo de drogas, vícios em sexo, virilidade, submissão... Mas tudo pode ser
oposto e ao mesmo tempo igual nas suas próprias e sentidas, explícitas e
implícitas diferenças iguais. Uma COISA junta outra coisa e formam uma só coisa
mais interessante do que uma apenas isolada, como a sede de sexo e a vontade
foder desesperadamente. Fazer amor ou fazer sexo? GOZAR apenas e ver o gozo da
sua criatura amada, cálida e não importa o quão lancinante seja sua lembrança
daquilo que te deixou suar desesperadamente, importa o tempo que te deixará a
marca daquilo que te fez doer de prazer, a unha na pele, a mordida na mão,
queixo, língua, sexo... Engole sumos e inspira a expiração. Mas sabe quando o
irremediável se nega a ser enrolado e curado? Pois é... Há de se haver uma
forma mas não se dá a chance de se fazer até porque o câncer já fez o estrago
na confiança, rotina, conversa... e vem a realidade de que a vida a dois
pareceria somente sexo e frescura de rabo por estar empolgado a estar disposto
a querer casar com uma pessoa disponível a dar, comer, beijar e ser somente seu
a ponto de maquiar seus problemas e indecisões sem vestígios nítidos de que não
era bem por aí o caminho do seu SENTIMENTO. Aquele momento de que cai a ficha
no chão e você se mata pela vergonha que provável que tenha passado, até por
que falou muitas verdades e inverdades aspirantes de sua pessoa rôta e
desequilibrada, você sabe mais que eu. Aquela pessoa desgraçada está com vários
segredos da minha família e do meu viver o diário e o não, o meu eu e o meu
seu. O meu sentir e o meu estar e o meu curtir e o meu ser e o meu defeito e o
meu viés e o meu... Deixa pra lá... Aqui
se faz e aqui se pagará. Talvez não hoje, talvez não nunca, Mas Um Dia
Acontecerá Esta Coisa Que Eu Quero Que Aconteça. Porra, cara, eu que queria
tanto, eu que queria não só tanto, queria demais. E eu ainda avisei que era a
minha primeira vez que eu me entregava tanto a uma pessoa, independente de
quantas eu havia me entregado. Independente da minha forma viciada de me apaixonar
inúmeras vezes durante uma festa apenas. Sabe que não foi em festas que lhe
conheci, sabe que não me apaixonei por imediato, sabe que eu seria fiel, PRA
SEMPRE, na concepção de ATÉ ONTEM. Queria eu ter podido lhe moldar da mesma
forma que você me moldou involuntariamente, só você dizer que não gostava do
meu cigarro, já abri mão do meu velho CARLTON RED que há anos tragava, sei que
é desagradável o hálito de cigarro, e por isso, você nem precisou pedir para eu
parar. Porra as suas músicas bem diferentes das minhas e dos meus gostos, eu
aceitava e queria pra eu para poder te conhecer melhor. Isso você não viu?
Então PRA MERDA VOCÊ E SUA NÃO PERCEPÇÃO. Caramba, eu me esforcei, sabe...
Queria você e seus defeitos para mim. Queria você e seu VOCÊ para mim. Queria
você e seu eu para mim. Cheguei a dizer EU TE AMO. E o que eu recebi em troca
não vale.
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Aquele Atropelado (um texto de algum tempo atras)
Carro
passa muito rápido, rápido demais e deixa um sofrido rastro de sangue.
Atropela, tatua no meio fio o corpo de um cachorro que ainda vivo, almejava
logo aquele fim tão demorado. O motorista, nem ligando para o solavanco que o carro
dera, acelerou mais a medida da musica que no volume máximo estourava no
interior do veiculo.
Não
se ouviu latido, nem grunhido, nem gemido, som nenhum se ouviu daquele pobre
vivente recém-sentenciado a morte. Como se já soubesse do seu destino, não exalou
nenhum som daquela pobre garganta, aquele vigor de cachorro vadio estava
obsoleto agora. Parecia certamente que aquela alma já sabia o que ia acontecer
com ela própria. Não se deu a oportunidade de desviar de se acomodar ou ao
menos tentar juntar a outra metade do seu corpo.
Eu
era criança, não sabia da divisão entre a vida e a morte. A partir daquele
momento fui reconhecendo que poderia existir dor. Eu havia me aproximado,
conseguia distinguir o que sempre havia nos livros de biologia da minha irmã,
mas não sentia orgulho pela minha perspicácia, e sim temeroso, ansioso, triste,
doía sentimentalmente, culpava-me por não ter brincado com aquele cachorro de
rua, um “vira-lata” vagabundo. Aquele cão era livre, era às vezes enxotado,
maltratado. Era livre, mas a liberdade dele era ruim, sem proposito algum,
talvez apenas este: acabar, morrer.
Estava
no meio de bastante gente, criança curiosa, me traumatizando pelo sofrimento
que parecia pular daqueles olhos do cachorro que ansiavam pena, dor,
necessidade de compaixão, um desejo que acabe logo tudo aquilo. Os olhos
pareciam adivinhar o meu desespero, estava pálido, gelado, estático. Pareceria
loucura, mas os olhos do cachorro, além de mostrar toda a dor, me consolavam,
me abduzia a aprender mais, por incrível que pareça da vida, daquele momento
que me faz até hoje ficar nostálgico, e triste (por que não?!). E um fato bem
importante é que se vendo rodeado por curiosos, muitos olhos curiosos, estritou-se
em apenas me olhar, com aquele singelo e maltratado semblante com todos este
significados, talvez por ter como ultima missão, não roubar um pedaço de carne,
nem tirar o sono da vizinhança, mas me ensinar da fortaleza humana, da
necessidade de consolo, da fragilidade do corpo da compaixão, do destino.
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