quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Um Domingo (Uma mensagem bem humorada, mas justa)


Vamos que vamos! Domingo é sempre o dia mais animado da semana para começar já com uma ironia deslavada. Nunca acontece nada, pois todos já tem a ideia em mente de que no outro dia vai fazer alguma coisa por obrigação, e isso é fato, e concorde comigo. De manhã, aquela preguiça de acordar, tem mais remela que de costume e não é tão necessário assim um banho assim que despertar. Ficamos todos tirando as melecas, remelas na mesa do café da manhã e achando aquilo a coisa mais linda do mundo, coçando o saco e o resto do corpo, pois, não sei se você já notou, dá uma coceira nas costas, na bunda, na barriga, aquele bocejo deliciosamente acompanhado pelo bafo de onça que todos são obrigados a aturar até porque você não é filho duma égua de se lembrar de escovar os dentes tendo bilhões de coisas para contar da noite passada, afinal, como você mesmo falou, seria uma história para ser contada a seus filhos. E que filhos se a história que você protagonizou foi a de se prestar ao papel de amante de todos os disponíveis na festa? Acharia muito difícil "o ter filhos" depois disso, na questão, é claro, da seriedade de pelo menos um dos tantos relacionamentos em questão, até porque relações sexuais não faltaram e nem faltariam caso tivesse ainda a vitalidade e a disposição para mais. O que é mais bonito é a discussão deste assunto na mesa do café, na frente de seus familiares, e você com ainda a cara embriagada, cabelos desgrenhados e um misto peculiar de odores e manchas que não vem ao caso descobrir a origem. Ainda bem que você é jovem, não tem a responsabilidade de representar alguém firme na parte hierárquica da mesa, fora o gato de estimação, o periquito e a louça que você não lavou ontem antes de sair. Você está numa situação deplorável. Nem tomou banho ontem quando chegou, onde já se viu com toda a história de atritos e contatos que se submeteu. Termina, deixando boquiabertos os demais na mesa, afastando o gato e calando o periquito pelas atrocidades que contava, e foi gentilmente, carinhosamente, muito discretamente reavivada a memória da louça de ontem, o que lhe deixou feliz, pois teria contato, quem sabe, com seres de outro planeta, vista a quantidade de peças e de sujeira. Você não viu ainda, portanto, não meça os reclames. E nem tente enrolar dizendo que vai tomar banho primeiro que vai ser pior. Isso no meu tempo era motivo a surras homéricas, motivo de se perder dentes e deserdar metade de toda a metade que lhe garantia por direito da família. Vai lavar a louça sem reclamar, sei que vai ser difícil mas esteja com Deus. Pensa você em logo ir as redes sociais para dizer a todos a quantidade de relacionamentos tivera, motivo inclusive, principal para que sua tarefa seja realizada com mais rapidez e menos eficiência. Daqui a pouco o pessoal está com verme e quem vai levar a culpa? Não você, é claro. Corre e vai logo aos e-mails e senhas e em chats: Nem te conto! Nem te conto Nem te conto! Nem te conto! ctrl+c e ctrl+v dizendo o mesmo discurso com uma série de amigos simultaneamente e se sentindo a pessoa mais descolada de todas. E, por qualquer motivo banal que seja, já vê razão para marcar outra farra nociva a sua dignidade. Já indignados os demais familiares, gato e periquito se opuseram a esta decisão. Mas quem seria louco de se impor dizendo que não, contrariando, não é? Despede-se das redes sociais, avisa num grito que esta sem roupas pra ninguém entrar (mas na verdade não estava, era para não ter nem risco de ter impedimento). E novamente há aquela produção toda para este domingo de tarde. Ficou com a aparência boa? Claro, evidente! Chispa! Carro já estava lá fora e vamos que vamos à praia. Dentro do carro algumas coincidências da noite anterior para olhar com desmedida vergonha e com gozo, até por que teriam culpa da idéia toda que até agora temos meia noção, graças a Deus. Todos com intenções malignas a uma velocidade acima da permitida para a praia, beber feito condenados e pecar, nem digo à Deus, mas também à família, à linhagem, à raça e à humanidade de uma forma geral. Chegam, e logo constatam que vão se dar muito bem pois veem logo outras tantas pessoas dispostas a errarem da mesma desmedida maneira. Separam uma mesa que eu me pergunto para quê, já que nada do que vão ali fazer vai ter algo com aquele sólido depositador de cervejas e vodkas, tequilas, caipirinhas, caipiroscas, wiskis e o mais absurdo: água mineral pois um deles vai ter que passar mal. Já pelas tantas depois de muita depravação, a criatura destinada a bodar, bodou. A criatura destinada a brigar, brigou e as criaturas destinadas a se apaixonarem até que o alcool saia do corpo, se apaixonam e já estava ficando escuro e na hora de se retirarem. Mas pra quê? Está tudo muito bom e deve-se deixar a noite entrar juntamente com repelentes a moral, ética e vergonha na cara. Lá ficaram e tiveram mais histórias para se contar aos filhos, mas não estes que estavam gerando, até porque serão abortados, certeza. E você mais uma vez entra neste estágio de estar super-mais-pra-lá-que-pra-cá e se sentir-se um ícone da sua idade, já que você faz determinadas loucuras. Sente-se uma pessoa descolada e a frente do seu tempo, afinal, tem que se aproveitar tudo o que vier. E nesta juventude, onde se ostenta à flor da pele o que sempre é mais lembrado (a sexualidade), há de se haver ou o juízo ou pelo menos a moderação em algumas práticas. Mas finalmente chegou a hora de ir, e junto deste momento, chega também as dores de cotovelo por deixar na praia a recente pessoa amada. Entra no carro e leva também até a porta um possível amor para a eternidade daquele único momento. A pessoa destinada a desmaiar com coma alcoólico já havia vomitado inclusive nos seus pés, já estava no carro. E vamos que vamos. Todos bêbados de volta, depois de uma farra daquelas, várias conversas e "babados" das pessoas que estavam pegando, de como era o beijo, que um era mais bonito que o outro, que ela fez aquilo, que ele fez isso... Você está numa empolgação que até seria incômoda caso estivessem sóbrias as pessoas que lhe acompanhavam, mas já que as outras também estavam neste mesmo estado, nem percebiam, até porque elas estavam do mesmo jeito empolgadas. E lá se ia o juízo, à esta altura tanto fazia estar onde estivesse, queriam vocês curtir desesperadamente qualquer coisa que aparecesse para ser curtida. E tome velocidade. Você grita alto, heim? Principalmente quando, a 140km/h passa um pesado caminhão na frente e estraçalha qualquer coisa que estivesse a esta velocidade. Um caminhão numa avenida transversal passava e o seu motorista, já que estava aquela velocidade, nem pensou em frear no sinal que estava vermelho e todos vocês já eram. Sabe que do seu corpo pouco restou. Você virou um pacote que, já que estava sem cinto de segurança, foi arremessado a frente, atravessando o vidro e indo à lataria do caminhão que estava lá sem culpa nenhuma, coitado. Foi feio, heim... Os demais passageiros e o motorista também tiveram dolorosas mortes, mas já que eu estava falando com você, vou continuar... depois do seu grito já podia-se ver você flutuando e se misturando aos estilhaços de vidro que voavam, suas pernas quiseram prender no painel do carro, mas não foi muito difícil passar pois num instante ficaram flácidas pelos ossos quebrados. O barulho nem foi curtido pelos outros pois foi tudo rápido, tiveram outros ruídos maiores e cada um tava curtindo o seu próprio barulho de quebra-ossos. Você atravessou "bonito" o ex-vidro do carro e foi direto a lataria lateral do caminhão, chegou até a grudar e ficar alguns segundos, os quais você realmente abandonou o corpo e foi morar na casa do Senhor, antes de cair no chão como um pedaço de carne jogado na jaula de algum bicho no zoológico. Sua cabeça nem quicou no chão, da mesma forma que despregou, caiu, e da forma que caiu ficou. Um peso de papel orgânico, um monte de coisa mole num saco plástico, sei lá. Foi feio: neste meio tempo, claro, seu corpo foi completamente estraçalhado, suas pernas quebraram para poderem ter mobilidade para frente, o que facilitou muito sua saída do carro, o crânio rachou como um ovo, suas costelas, coitadas, foram se conhecer uma por uma... E ainda por cima, lá pelas tantas o carro resolve explodir, mas você já estava muito longe pra ver ou sentir. Se bem que já estava debaixo do caminhão e só sentiu a explosão se acomodou um pouco. Se você estivesse lá, sentiria um cheiro de pêlo queimado que nem te conto... E lá ficaram as vítimas de um acidente bem bonito, onde se poderia repetir para filmar, daria uma bela cena de filme. A ambulância chegou, não sei por que, e testou os sentidos dos menos "churrascos" e levaram os defuntos às rotinas de reconhecimento, exames, tapação, etc. A família chegou para lhe cremar e não reclame, você esta só o resto e faria até vergonha em lhe expor num velório convencional. Colocaram-lhe no forno e tome fogo, precisava ver sua pele cheia de bolhas antes de se tornar charque, antes de se tornar pó.  Seus entes choravam feito uns condenados, só não apareceram o gato e o periquito, ninguém lembrou deles na vinda. No velório mais choro... Salvo por alguns que condenavam veementes o motorista e sua imprudência, sua família no íntimo lhe condenava. Não seria necessária tanta porralouquice. O pior é que todo mundo quando morre vira santo, no seu caso lembravam como assunto a sua mania desvairada de sexo, olha que bonito... Suas várias formas de enganar a todos e sair para as farras. O dinheiro todo gasto à toa, o tempo que perdia enquanto ia a festas, e que por sinal já até não vale mais nada, não é? Ou seja, santificar nada, condenar. Não é porque era seu enterro que o fulano não iria esquecer que você devia um tanto de dinheiro à ele. Nem só isso, você contou o maior segredo da sua amiga ao namorado dela, e você nunca havia contado à sua família que fumava maconha... Nossa, que velório... Ainda bem que virou pó, porque senão ia ficar aí mesmo. Descanse em paz.

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