Se eu continuar acendendo este isqueiro talvez tudo pegue
fogo. Sim! Após ter enchido tudo de pólvora, e cada vez mais, daqui a pouco
tudo irá pelos ares, águas, fogos, tudo cairá por terra, como dizem... Verdade!
Sim! Eu mesmo estou preparando o meu funeral e tudo vai explodir. Inclusive eu.
Vou ser consumido pelo que preparo tão cautelosamente e também um tanto
inconsciente, assim como são as ações de preencher tudo de combustível. A cada
dia, a cada hora, minuto, segundo há a possibilidade de eu acender. Quando vou
parar de me ameaçar? Quando eu já tiver consumado o ato de me consumir. Pararei
somente assim. Quando já estiver n’algo impossível de se restabelecer. Sim!
Erguer-me impossivelmente dos tantos caos que cultivei. Chego a dizer que tanto
faz. Que se exploda. Mas livro-me do pensamento de que tudo se explodindo,
explodo-me junto naquela velha historia de que se correr o bicho pega e se
ficar o bicho come... E sendo assim, irrelevo à possibilidade de afastar o
isqueiro ou dissipar a pólvora porque tanto faz. Assim como tanto faz o fato de
eu estar escrevendo de caneta azul, somente de cuecas na mesa da sala tomando
um café muito doce e que deixa um gosto muito amargo no final, mais pro final
da língua. Irrelevante também é o fato de serem 12h00min, numa transição da
manhã pra tarde, onde se acorda e se almoça e se prepara para a noite, já que
hoje é sábado, 31 de outubro. Oh! 31 de outubro, bruxas! Tanto faz! Sim! Algo
de especial? Além, claro de que um mês acaba para começar outro, onde o primeiro
dia útil, uma segunda, é justamente um feriado onde se celebra os mortos. Adiantaria
a alguma coisa em dizer que lá no quarto é tocada musica eletrônica? Porvir e o
futuro? Futuro e o passado? Passado, cadê o presente? Medindo e pesando s
minhas inconsciências. Numero ímpar de idade. Numero impar de dedos na mão. Que
diminui, como numa contagem regressiva para uma partida, uma largada, se larga
do são. Numero par, impar, par (um par), impar (um impar). Ausência. Demência.
Clemencia. Insuficiência. Atrito. Somente girar o que faz parte do que repousa na mão
esquerda. Vermelho. Isqueiro vermelho. Olho-o com uma desmedida subestimação
proposital, talvez desta forma estaria eu gritando a ele que duvido, duvido!
Mas na verdade não. Blefo. Aposto tudo por nada na mão. Ás de copas, valete de
ouro, e... Cinco de naipes que defenestro após perceber que nunca sairia desta
situação. Minto. A pólvora já me envolveu. A música não cessa. Caneta (nessas
horas...) não falha. Acendo o isqueiro e o dirijo ao cigarro que repousava nos
meus lábios trêmulos que narravam esta historia. Trago e espero a espera da
fumaça sair. A música acaba. Silencio. Absoluto. Brasa queimando, suspiro
sussurro. Brasa queimando. Longo suspiro, breve sussurro. Brasa queimando.
Breve suspiro.
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