domingo, 23 de outubro de 2011

Sádico. (um texto de 2009)


Se eu continuar acendendo este isqueiro talvez tudo pegue fogo. Sim! Após ter enchido tudo de pólvora, e cada vez mais, daqui a pouco tudo irá pelos ares, águas, fogos, tudo cairá por terra, como dizem... Verdade! Sim! Eu mesmo estou preparando o meu funeral e tudo vai explodir. Inclusive eu. Vou ser consumido pelo que preparo tão cautelosamente e também um tanto inconsciente, assim como são as ações de preencher tudo de combustível. A cada dia, a cada hora, minuto, segundo há a possibilidade de eu acender. Quando vou parar de me ameaçar? Quando eu já tiver consumado o ato de me consumir. Pararei somente assim. Quando já estiver n’algo impossível de se restabelecer. Sim! Erguer-me impossivelmente dos tantos caos que cultivei. Chego a dizer que tanto faz. Que se exploda. Mas livro-me do pensamento de que tudo se explodindo, explodo-me junto naquela velha historia de que se correr o bicho pega e se ficar o bicho come... E sendo assim, irrelevo à possibilidade de afastar o isqueiro ou dissipar a pólvora porque tanto faz. Assim como tanto faz o fato de eu estar escrevendo de caneta azul, somente de cuecas na mesa da sala tomando um café muito doce e que deixa um gosto muito amargo no final, mais pro final da língua. Irrelevante também é o fato de serem 12h00min, numa transição da manhã pra tarde, onde se acorda e se almoça e se prepara para a noite, já que hoje é sábado, 31 de outubro. Oh! 31 de outubro, bruxas! Tanto faz! Sim! Algo de especial? Além, claro de que um mês acaba para começar outro, onde o primeiro dia útil, uma segunda, é justamente um feriado onde se celebra os mortos. Adiantaria a alguma coisa em dizer que lá no quarto é tocada musica eletrônica? Porvir e o futuro? Futuro e o passado? Passado, cadê o presente? Medindo e pesando s minhas inconsciências. Numero ímpar de idade. Numero impar de dedos na mão. Que diminui, como numa contagem regressiva para uma partida, uma largada, se larga do são. Numero par, impar, par (um par), impar (um impar). Ausência. Demência. Clemencia. Insuficiência. Atrito. Somente  girar o que faz parte do que repousa na mão esquerda. Vermelho. Isqueiro vermelho. Olho-o com uma desmedida subestimação proposital, talvez desta forma estaria eu gritando a ele que duvido, duvido! Mas na verdade não. Blefo. Aposto tudo por nada na mão. Ás de copas, valete de ouro, e... Cinco de naipes que defenestro após perceber que nunca sairia desta situação. Minto. A pólvora já me envolveu. A música não cessa. Caneta (nessas horas...) não falha. Acendo o isqueiro e o dirijo ao cigarro que repousava nos meus lábios trêmulos que narravam esta historia. Trago e espero a espera da fumaça sair. A música acaba. Silencio. Absoluto. Brasa queimando, suspiro sussurro. Brasa queimando. Longo suspiro, breve sussurro. Brasa queimando. Breve suspiro.

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